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"A Sociedade Agrícola de Loulé e o associativismo agrário em Portugal durante a Monarquia Constitucional e a Primeira República", por Maria Ana Bernardo

Considerado como um traço de modernidade, o associativismo voluntário assumiu expressão crescente nas sociedades europeias ao longo do século XIX. As associações, instituídas como meio de organização dos plurais interesses e objetivos dos indivíduos e dos grupos, favoreciam a participação dos cidadãos nos destinos da nação, dando corpo à designada sociedade civil, evocada pelos governantes liberais.

Em Portugal, vozes coevas que clamavam pelo progresso do país denunciavam a debilidade do associativismo pátrio e consideravam que a situação demonstrava, a seu modo, o atavismo da sociedade portuguesa.

O diagnóstico incluía o setor agrário sublinhando-se que o progresso e a modernização do mesmo requeriam a participação das forças sociais mais capazes e esclarecidas, tanto no plano nacional como local.

Com base neste discurso, os governos liberais delinearam os critérios e para a instalação das Sociedades Agrícolas a serem criadas nas capitais de distrito, com filiais nas localidades sedes de concelho. A fundação da Sociedade Agrícola de Loulé inclui-se neste âmbito e a investigação sobre ela, tendo em conta a evolução do quadro legal, as entidades promotoras e a capacidade de mobilização dos associados, contribuir para esclarecer os motivos que conduziram à extinção da primeira fase do associativismo agrário em Portugal.