Agraciado com a Medalha Municipal de Mérito Grau Prata
Engenheiro do ambiente, ilustrador e autor de banda desenhada, José Carlos Madeira Neto Fernandes nasceu em Loulé, a 16 de Outubro de 1964. O mais produtivo autor de BD português das últimas décadas só começou a desenhar depois dos 25 anos, não tendo nenhuma formação artística. Uma vez licenciado em Engenharia do Ambiente, esteve como assistente de Botânica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e fez investigação em metais pesados, antes de ir para o Parque Natural da Ria Formosa, onde trabalhou durante dez anos (1989-1999). Realiza desde sempre banda desenhada para si, sem se preocupar com a sua publicação, tendo começado em finais de 1989, quando fez uma BD satírica para um Fanzine temático sobre autores clássicos, a propósito de Alix, de Jacques Martin. Em 1993 surgiu a edição do seu primeiro livro, “Controle Remoto”. Nos três anos que se seguiram, é verdadeiramente espantoso o número das suas histórias que entretanto foram editadas: “A Lâmina Fria da Lua”, “Irrealidades Quotidianas”, “Um Catálogo de Sonhos”, “O Futuro Fora de Prazo”, “Coração de Arame”, “Alguém Desarruma Estas Rosas e outras histórias”, entre outras. Em 1997 realiza-se a sua primeira grande exposição, durante o IX Salão Internacional de BD do Porto (SIBDP), onde a sua produção vasta e diversificada teve direito a ser exibida segundo diferentes personalidades em torno de um mesmo autor. Em 2000, foi contemplado com uma Bolsa de Criação Literária na categoria de BD, para a realização do segundo volume da série “A Pior Banda do Mundo”, projecto que já acalentava desde 1998, concretizando várias histórias e trabalhos durante o ano em que recebeu a Bolsa, normalmente destinada para apenas uma. Inicialmente falada para ser editada pela Meribérica/Liber, esta série surgiu em 2002 sob a chancela da Devir que, fruto das representações no Brasil e em Espanha, editou a obra nestes dois países, tendo saído também em França e nos EUA. Este é o seu trabalho de maior envergadura, que corresponde a diversas pequenas histórias de duas páginas (auto-conclusivas), cuja leitura não é forçosamente sequencial e que tem como pano de fundo uma cidade imaginária onde existe uma banda de Jazz , cujo trabalho piora de ensaio para ensaio. Depois de apresentar os músicos de “A Pior Banda”, José Carlos foi dando a conhecer outros habitantes dessa cidade, cuja galeria de personagens tão invulgares e divertidas não pára de crescer. A Pior Banda do Mundo teve algumas páginas publicadas nas revistas Pública (2001) e Comix (2002). Entre 1998 e 2002 a edição da sua obra ficou marcada por títulos como “Daqui a Pouco”, “A Revolução Interior - À Procura do 25 de Abril”, este em co-autoria com João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras, “Um Passeio ao Outro Lado da Noite” e “Francisco e o Rei de Simesmo” .Por ocasião do 25.º aniversário da revolução dos cravos, participou na exposição itinerante "Uma Revolução Desenhada: o 25 de Abril e a BD", para a qual, realizou uma curta história baseada na revolução. Em 2003 foi o responsável pelo cartaz do XIV Festival Internacional de BD da Amadora, depois de já ter feito na edição de 1997, anos que corresponderam a exposições do autor no maior certame nacional dedicado à BD. Já recebeu várias distinções, como: o Troféu "Vinheta" Para a Melhor BD não Publicada em Álbum (em 1995), Melhor Álbum Português no site Central Comics (em 2002) e Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" Para o Melhor Álbum Português no Festival da Amadora (O Quiosque da Utopia , em 2002 e O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante , em 2003), para além do Primeiro Prémio nos Concursos de BD "Rafael Bordalo Pinheiro" (1991, 1993 e 1995), de Matosinhos e de Orense (Espanha), ambos em 1995.